Lúcia não se considera uma pessoa supersticiosa - nem tão pouco acredita no destino, karma, intervenções divinas, ... - não, Lúcia considera-se até uma pessoa bastante racional, razoável, sem grande à-vontade para divagações exageradas.
O que Lúcia não se havia apercebido até agora fora que, naquelas tantas noites, na zona histórica da cidade, embalada por um copo de vinho tinto ou outro, enquanto se passeava pelas multidões nessa noite boémia do Porto, empurrada por uns, empurrando outros, sempre que abordada por um grupo de jovens mancebos alcoolicamente entusiasmados que, mais ou menos histericamente lhe perguntavam o nome, ela, com um sorriso rasgado na cara respondia: "Eu? Chamo-me Carla. Carla, a frígida."
O que Lúcia não sabia nessa altura era que, nesse mesmo momento, a alguns quilómetros de distância, enquanto ela se divertia na noite do Porto, ele se enrolava com uma Carla, outra Carla, mas que não é Carla a fingir para se aproveitar de indefesos jovens embriagados (nem seria senhora para essas coisas) não era - tão pouco - frígida, claramente! Até porque,
como já referi: ela é como eu, mas melhor e mais fácil.

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