A propósito de pessoas básicas


Eu, e tu, meu bem, eu sei, odiamos pessoas básicas.
Odiamos ainda mais quando pessoas de quem nós gostamos começam a gostar de pessoas básicas. É mais fácil, bem sei, mas não é justo nem por nada.
Mas se há uma coisa que eu adoro em relação às pessoas básicas e às pessoas que nos substituem pelas pessoas básicas, é quando vamos para casa à noite pela auto-estrada de Matosinhos comigo a reclamar com a música que ele tem no mp3's, a gozar com a forma dele conduzir e a deixar tudo o que toco numa confusão dentro do carro novo, e começa devagarinho - só para culminar no mais descomunal alguma vez visto: fogo-de-artifício. E eu sei que tu sabes, que fui eu que comecei aquele fogo-de-artifício. Não de nenhuma forma lamechas e poética de te fazer ver fogos-de-artifício onde estes não existem - nem de nenhuma forma literal e pragmática de ter ligado à Junta de Freguesia de Guifões a programar o lançamento do fogo para o momento exacto da nossa passagem - mas de uma forma subtil, espontânea, que podia ser analisada por químicos e físicos de todos os cantos do mundo se eles me conhecessem a mim e aos meus poderes de contornar energias e lançar influências para que a nossa passagem coincida com o lançamento - acontecimento totalmente à parte e previamente desconhecido por mim - do dito cujo, fogo-de-artifício.
Às pessoas básicas, claramente, não acontecem destas coisas.



picture © Christophe Kutner

4 comentários:

maria disse...

é tao bom ver as tuas novidades

margarida. disse...

e na câmara? Houve disso? :)

Anónimo disse...

mt bem escrito

mm...


João

Lulu disse...

obrigada... joao?